Moscas-tsé-tsé causa doença do sono que pode levar a morte; veja os sintomas

A Tripanossomíase Humana Africana, mais conhecida como doença do sono, é uma infecção parasitária que afeta o sistema nervoso central. 

Transmitida pela mosca tsé-tsé, essa doença é uma preocupação significativa em 36 países da África subsaariana. Estima-se que cerca de 55 milhões de pessoas estejam em risco, com 3 milhões enfrentando um risco moderado a alto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essa condição pode levar a distúrbios neurológicos graves e, se não tratada, é fatal. A maioria dos casos é causada pelo parasita Trypanosoma brucei gambiense, predominante nas regiões oeste e central da África.  Outra variante, o Trypanosoma brucei rhodesiense, é encontrada nas regiões leste e sul do continente.

Como a doença do sono é transmitida?

A transmissão da doença do sono ocorre principalmente através da mordida de moscas tsé-tsé infectadas. 

Foto: Folha Vitória

Essas moscas habitam áreas quentes e úmidas da savana africana, onde entram em contato com humanos, gado e animais selvagens, todos potenciais hospedeiros do parasita. Além disso, existem outras formas de transmissão, embora menos comuns:

  • Transmissão de mãe para filho: O parasita pode atravessar a placenta e infectar o feto.
  • Transmissão mecânica: Outros insetos sugadores de sangue podem transmitir o parasita, mas seu impacto epidemiológico é incerto.
  • Infecções acidentais: Podem ocorrer em laboratórios devido a picadas com agulhas contaminadas.
  • Transmissão sexual: Casos documentados indicam que o parasita pode ser transmitido sexualmente.

Quais são os sintomas e o diagnóstico da doença do sono?

Os sintomas da doença do sono geralmente surgem semanas ou meses após a infecção. No entanto, podem ser mínimos ou intermitentes no início, variando conforme a região de infecção.

A tripanossomíase do leste da África, por exemplo, possui um período de incubação diferente da variante da África Ocidental.

O diagnóstico precoce é desafiador devido à inespecificidade dos sintomas iniciais. Uma vez detectado o parasita, é necessário realizar uma punção lombar para examinar o líquido cérebro-espinhal, determinando o estágio da doença e o tratamento adequado.

Tratamento e avanços recentes no combate à doença do sono

Historicamente, o tratamento da doença do sono envolvia medicamentos derivados do arsênico, altamente tóxicos e com risco de morte para 5% dos pacientes.

Contudo, um avanço ocorreu com o desenvolvimento do fexinidazol, um medicamento oral aprovado em 2018, que trouxe uma nova esperança para os pacientes.

A Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) liderou o estudo que resultou no fexinidazol, e a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) desempenha um papel crucial na distribuição de medicamentos e no controle da doença. 

Entre 1986 e 2019, a MSF examinou milhões de pessoas e tratou dezenas de milhares de pacientes em diversos países africanos.

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